A secreção dos hormônios tireoidianos é regulada à distância pelo Hipotálamo, a mesma região cerebral que é mobilizada desde o início do estresse. O Hipotálamo produz o neuro-hormônio chamado Hormônio de Liberação de Tireotropina (TRH), o qual, chegando na Hipófise, estimula a produção de outro hormônio, o Hormônio Estimulador da Tireoide (TSH).
O TSH hipofisário, por sua vez, irá agir na Tireoide estimulando a produção de Tiroxina (T4), hormônio tiroideano. A Tiroxina é muito importante na regulação do metabolismo, principalmente dos carboidratos, proteínas e lipídios. Além disso, a tiroxina potencializa a ação de outros hormônios, como por exemplo as catecolaminas e o hormônio do crescimento.
A Tiroxtina, caindo na circulação, acaba por estimular retroativamente a própria Hipófise, para que esta interrompa a secreção de TSH. Este mecanismo de retroalimentação é chamado de feedback e permite um controle do nível do hormônio tireodiano.
As alterações do Hipotálamo durante o estresse, consequentemente as alterações da Hipófise, podem resultar em desordem na produção da Tiroxina, o hormônio da tireoide. Tanto pode ocorrer um excesso como uma deficiência de Tiroxina, provocando respectivamente o hiper e o hipotireoidismo.
Na Fase de Alarme do estresse é comum o hipertireoidismo e no Esgotamento o hipotireoidismo, embora essas alterações possam acontecer inversamente.
O mais curioso em relação à tireoide é a reciprocidade entre essa glândula e as emoções: o estresse leva à alterações da tireoide, que levam à alterações emocionais e, fechando o círculo vicioso, as emoções podem alterar mais ainda o funcionamento da tireoide.
No Hipertireoidismo, por exemplo, seja ele devido a qualquer causa, ocorre produção excessiva de hormônios pela tireoide, gerando um quadro de irritação e ansiedade, além de suor excessivo, taquicardia, emagrecimento, pele quente, tremores e insônia, podendo ainda ocorrer aumento de volume do pescoço e dos olhos. Por outro lado, também a ansiedade pode resultar em hipertireoidismo, pelos mecanismos hipofisários que já vimos acima.
O Hipertireoidismo causado pela Doença de Graves é uma doença bastante grave, capaz de afetar substancialmente a qualidade de vida. Ela incide em aproximadamente 2% das mulheres e 0,250 0 dos homens. Apesar de ser considerada uma doença autoimune, associada à imunoglobulina G, uma proteína que se liga e estimula o receptor do Hormônio Estimulador da Tireoide (TSH), pode ser desencadeada por fatores ambientais e, principalmente pelo estresse.
Também o Hipotireoidismo, onde a tireoide passa a produzir pouco hormônio, pode gerar sintomas como desânimo, apatia e depressão, além de fraqueza, diminuição da memória, aumento de peso, pele seca, queda de cabelos, intestino preso, etc.
A depressão, por sua vez, também pode levar ao hipotireoidismo. Como, exatamente, se desenvolve um quadro depressivo no Hipotireoidismo ainda não está bem esclarecido
O quadro psicológico classicamente associado ao hipotireoidismo é um quadro de ansiedade severa e agitação, manifestado por alucinações, comportamento paranoico e até demência, quadro este conhecido por "loucura mixedematosa”. Esse tipo de demência associada ao hipotireoidismo é, felizmente, reversível com a reposição hormonal.
O papel da alimentação nos distúrios da tireoide
A alimentação desempenha um papel importante nos distúrbios da tireoide, pois certos nutrientes são essenciais para o funcionamento adequado dessa glândula. A tireoide produz hormônios que regulam o metabolismo do corpo, o crescimento e o desenvolvimento, entre outras funções vitais.
A deficiência de iodo é uma das principais causas de distúrbios da tireoide em todo o mundo. O iodo é um mineral necessário para a produção dos hormônios tireoidianos. Uma alimentação pobre em iodo pode levar ao hipotireoidismo, uma condição em que a tireoide não produz hormônios suficientes. O sal iodado, frutos do mar e algas marinhas são boas fontes de iodo.
Além disso, alguns alimentos contêm substâncias conhecidas como bociogênicos, que interferem na função da tireoide. O consumo excessivo de bociogênicos pode aumentar o risco de hipotireoidismo ou bócio, que é o aumento do tamanho da tireoide. Exemplos de alimentos bociogênicos incluem vegetais crucíferos (como brócolis, couve-flor, repolho e couve), soja e produtos derivados da soja. No entanto, é importante ressaltar que o consumo desses alimentos em quantidades moderadas geralmente não causa problemas na maioria das pessoas.
Por outro lado, algumas pessoas com distúrbios da tireoide, como hipertireoidismo ou doença de Graves, podem se beneficiar de uma dieta específica. Essas condições podem estar associadas a um aumento do metabolismo, e certos alimentos, como aqueles ricos em cafeína ou estimulantes, podem agravar os sintomas. Nessas situações, um profissional especializado pode recomendar uma dieta adequada às necessidades individuais.
É importante destacar que os distúrbios da tireoide são condições complexas e a alimentação por si só não é capaz de curar ou prevenir completamente essas doenças. O diagnóstico e o tratamento adequados devem ser fornecidos por um profissional de saúde, como um endocrinologista. No entanto, adotar uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes pode contribuir para o bom funcionamento da tireoide e para a saúde em geral.